A Guarda conserva um bairro que mantém o aspecto geral da judiaria, os seus arruamentos e casas, não obstante de ter sofrido alterações, principalmente nos últimos decénios. Desde o repovoamento de D. Sancho I até à expulsão e conversão forçada, (1496), sempre aqui houve judeus. Sabemo-lo pelo foral sanchino, pelos Costumes e pelo foral novo de D. Manuel I, de 1 de Junho de 1510. As casas da judiaria são baixas, térreas ou de um só andar. As casas sobradadas da gente do Povo eram raras até ao séc. XIV, multiplicando-se a partir de então. As moradias dos mercadores apresentam, normalmente, uma porta estreita e uma porta larga. Esta abria para a loja, isto é para o estabelecimento comercial. A estreita dava entrada para as escadas, que conduziam à residência assoalhada sobre a loja de comércio. Curiosamente, muitas destas casas têm as ombreiras e torsa trabalhadas em bisel, quer na porta de entrada da habitação, quer na do comercio. O largo da judiaria, apesar das adulterações, é um dos recantos mais castiços da Guarda primitiva, na modéstia dos seus edifícios. O comércio e o desenvolvimento agrícola encrementado ao longo dos séc. XVI e XVII, modificaram o ruralismo introduzindo na Guarda a arquitectura pesada quinhentista a que se seguiu a filipina, com cornijas salientes, gargulas de canhão, pátios e amplas salas. Havia ainda um arrai-menor, o qual, entre outras funções, determinava os tributos que deveriam pagar os judeus daquela comarca, o que por vezes levantava protestos, como aconteceu no tempos de D. Afonso IV. Os judeus tinham sinagoga. Inicialmente funcionou num edifício alugado. Depois, construíram-na. A judiaria tinha a entrada principal às Quatro Quinas, local onde confluem três ruas que se cruzam e foram quatro esquinas de rua.
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