terça-feira, 30 de novembro de 2010

Chanucá 5771


Ano após ano, à época de Chanucá, as luzes são acesas em todos os lares judaicos para celebrar os acontecimentos daqueles dias, com cânticos de louvor a D'us. assim, os caminhos de Israel são iluminados pela mensagem eterna: "a luz espiritual de Israel nunca será apagada".


A festa de Chanucá inicia-se no dia 25 de Kislev, este ano em 1 de dezembro, à noite, e o acendimento das velas vai até 1o de Tevet - 8 de dezembro, à noite. Desde a histórica vitória dos macabeus sobre os assírios, ocorrida em 165 a.E.C., os judeus celebram Chanucá durante oito dias. A festividade comemora a preservação do espírito de Israel. Assim sendo, celebra-se Chanucá apenas espiritualmente, não havendo outros mandamentos a respeito. Além disso, durante os oito dias da festa, é proibido qualquer forma de luto público ou jejum, podendo-se, no entanto, trabalhar.
A chanuquiá - candelabro de oito braços especial da festividade - deve ser acesa diariamente após o aparecimento das estrelas, com exceção da véspera do Shabat, quando deve ser acesa antes do pôr-do-sol. Qualquer material incandescente pode ser usado para acendê-la, mas deve-se preferir a luz intensa do azeite ou de velas de cera ou parafina, grandes o bastante para permanecer ardendo no mínimo por meia hora. Por isso, se uma vela apagar durante esse tempo - com exceção da noite de Shabat, recomenda-se reacendê-la. Num lugar de destaque, no candelabro, há uma outra vela auxiliar, de preferência de cera, chamada shamash. Algumas comunidades usam o shamash para acender as demais velas; outras, uma vela adicional.
Na sexta-feira à noite, véspera do Shabat, as velas devem ser acesas antes do pôr-do-sol e antes das velas de Shabat. Nesse dia devem ser usadas velas maiores, para que ardam até meia-hora após o início do Shabat. Na noite seguinte, as velas de Chanucá só podem ser preparadas e acesas após o término do Shabat e da Havdalá.
Na primeira noite, acende-se a vela da extrema direita e, em cada noite subseqüente, acrescenta-se uma nova do lado esquerdo à primeira e, assim, sucessivamente. A 1ª vela a ser acesa é sempre a nova, procedendo-se da esquerda para a direita.
Na segunda noite, por exemplo, acendem-se duas. A primeira vela deve ser colocada do lado direito da chanuquiá e a segunda é adicionada à esquerda da primeira. Durante os oito dias, uma nova luz é adicionada, noite após noite, até completar as oito. Por ter um propósito sagrado, a luz da chanuquiá não poderá ser usada para nenhum outro fim, como trabalho ou leitura. Todos os membros da família devem estar presentes na hora do acendimento das velas. Desde que possam segurar as velas com segurança, as crianças têm o mérito de participar, acendendo-as após ter sido acesa a primeira vela da noite.
As mulheres têm a mesma obrigação; portanto, em um lugar onde só haja mulheres ou se o marido estiver viajando ou chegar tarde demais, cabe a elas acender as velas e pronunciar as bênçãos.
Nossos sábios enfatizavam a importância da participação feminina na cerimônia, pois grande parte da milagrosa vitória militar dos judeus sobre seus inimigos se deve a Yehudit. Rabi Yehoshua Ben-Levi diz: "As mulheres são obrigadas a cumprir a mitzvá de Chanucá, pois elas também são parte do milagre". Quando o povo de Israel não vivia disperso, as luzes eram acesas na parte externa das casas, à esquerda de quem entra, ou seja, em frente à mezuzá.
Atualmente, há vários costumes sobre onde colocar a chanuquiá. Alguns a colocam sobre uma mesa, na janela que dá para a via pública, ou no lado esquerdo da porta de entrada, em frente à mezuzá. Outros a colocam em lugar especial, na sala. Deve ser colocada em uma altura entre três e dez palmos do chão, porém não a mais de 9,6 metros, em lugar especial, isolado e de destaque.
Nas sinagogas, onde também se acendem as velas para disseminar as lições do milagre, a chanuquiá deve estar na mesma posição do candelabro do Templo de Jerusalém. Mas o acender das velas na Casa de Orações não nos exime da obrigação de acendê-las em casa.Todas as noites, acende-se primeiro o shamash, depois pronunciam-se as seguintes bênçãos:

Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu lehadlic ner Chanucá.

Bendito sejas Tu, A-do-nai, nosso D us, Rei do Universo, que nos santificaste com Teus mandamentos, e nos ordenaste acender a vela de Chanucá.

Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, sheassá nissim laavotênu, bayamim hahêm, bazeman hazê.

Bendito sejas Tu, A-do-nai, nosso D us, Rei do Universo, que fizeste milagres para nossos antepassados, naqueles dias, nesta época.

Na primeira noite, depois de recitar as duas bençãos recita-se o shehecheyánu: Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, shehecheyánu vekiyemánu vehiguiyánu lazeman hazê.

Bendito sejas Tu, A-do-nai, nosso D us, Rei do Universo, que nos deste vida, nos mantiveste e nos fizeste chegar até a presente época.

Na segunda noite e em todas as outras subseqüentes recita-se: Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu lehadlic ner Chanucá.

Bendito sejas Tu, A-do-nai, nosso D us, Rei do Universo, que nos santificaste com Teus mandamentos, e nos ordenaste acender a vela de Chanucá.

Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, sheassá nissim laavotênu, bayamim hahêm, bazeman hazê.

Bendito sejas Tu, A-do-nai, nosso D us, Rei do Universo, que fizeste milagres para nossos antepassados, naqueles dias, nesta época.

Em seguida, acendem-se as velas da chanuquiá com o shamash.

Após acender as velas, coloca-se o shamash à esquerda da chanuquiá, de modo que fique mais alto do que as chamas da chanuquiá, e recita-se: Hanerot halálu ánu madlikim al hanissim veal hapurkan veal haguevurot veal hateshuot, veal haniflaot, sheassíta laavotênu, bayamim hahêm, baeman hazê, al yedê cohanêcha hakedoshim. Vechol shemonat yemê Chanucá, hanerot halálu côdesh hem, veen lánu reshut lehishtamesh bahen êla lir otan bilvad, kedê lehodot lishmecha, al nissêcha, veal nifleotêcha, veal yeshuotêcha.

Acendemos estas luzes em virtude das redenções, milagres e feitos maravilhosos que realizaste para nossos antepassados, naqueles dias, nesta época, por intermédio de Teus sagrados sacerdotes. Durante todos os oito dias de Chanucá, estas luzes são sagradas, não nos sendo permitido fazer qualquer uso delas, apenas mirá-las, a fim de que possamos agradecer e louvar Teu grande nome, por Teus milagres, Teus feitos maravilhosos e Tuas salvações.
Costuma-se colocar a chanuquiá sobre uma mesa no lado esquerdo da porta de entrada, frente à mezuzá, ou na janela que dá para a via pública.

1ª noite 25/Kislev Quarta-feira, 1 de dezembro


8ª noite 2/Tevet Quarta-feira, 8 de dezembro

Perguntas e respostas sobreAs Luzes de Chanucá

A que horas devemos acender as velas de Chanucá?As luzes devem ser acesas após anoitecer. Algumas autoridades aconselham acendê-las logo do pôr do sol. Outras, de 13 a 40 minutos mais tarde. Entretanto, se alguém não tem a possibilidade de acendê-las depois do anoitecer, pode fazê-lo antes, com a condição de que as velas fiquem acesas durante pelo menos meia hora depois da saída das estrelas.Onde devemos colocar a chanuquiá?O Talmud ensina que a chanuquiá deve ser colocada ao lado da porta de entrada, de tal forma que fique do lado esquerdo da pessoa que estiver entrando na casa. A mezuzá fica do lado direito.Atualmente, costuma-se colocar a chanuquiá dentro de casa, sobre uma mesa, em lugar especial. Em certas comunidades a mesa, é colocada perto de uma janela, de frente para a rua, para cumprir com o mandamento de propagar o milagre . Em outras, no lado esquerdo da porta de entrada, frente à mezuzá. Ou, ainda, há quem coloque a chanuquiá em uma mesa baixa para que as crianças alcancem as velas. Há alguma lei que determine que a mulher ou o homem deva acender a luz de Chanucá?Todas as pessoas devem cumprir o preceito de acender as velas, portanto mulheres e homens são igualmente obrigados a acender as luzes de Chanucá.Podemos ler aproveitando a luz da chanuquiá?Não. As velas da chanuquiá não podem ser usadas para nenhum outro propósito, senão o de propagar o milagre de Chanucá. Assim, não podemos, por exemplo, jantar aproveitando a luz da chanuquiá.É verdade que não se pode trabalhar enquanto as luzes estiverem ardendo?

Nossa atenção deve estar centrada na luz durante a meia hora em que ardem as velas. Por isso, as mulheres costumam não fazer tarefas domésticas durante o tempo obrigatório do acendimento das velas.Podemos acender as demais luzes com uma das luzes da chanuquiá?É proibido usar uma luz que representa uma noite de Chanucá para acender as demais ou para qualquer outro propósito. Para isto, utiliza-se o shamash.O que fazer se uma das luzes da chanuquiá se apagar ? Depende do local onde a chanuquiá estiver e se é shabat. Se o lugar onde colocamos a chanuquiá é o adequado, já que a mitzvá é o ato de acender as velas, e uma delas se apagar depois da bênção, não há necessidade de reacendê-la. Mas se o lugar onde foi colocada a chanuquiá não é um local adequado, somos obrigados a reacendê-la. No shabat não podemos reacendê-la. O que fazer se a luz do shamash se apagar? Se não for shabat, poderá ser reacesa usando fósforos ou outra vela, mas nunca uma das luzes da chanuquiá.Podemos apagar as luzes da chanuquiá?Sim, após estas ficarem acesas o tempo mínimo,ou seja, meia hora após a saída das estrelas. Só no shabat é proibido apagá-las. Na sexta-feira, quando temos que acender as velas?Na sexta-feira à tarde, logo antes de acender as velas de shabat. Como precisamos acendê-las 18 minutos antes do início do shabat, é melhor usar naquele dia velas maiores para a chanuquiá, para que durem pelo menos meia hora após a saída das estrelas.E no sábado? Acende-se antes ou depois da Havdalá? A maioria das autoridades rabínicas recomenda acender a chanuquiá após a Havdalá, já que esta é o término do Shabat. Em cada lar, deve-se acender a chanuquiá depois da Havdalá. Somente na sinagoga a chanuquiá pode ser acesa antes da Havdalá.


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Humor Judaico

"O Ceu estava ficando muito congestionado, entao Deus decidiu modificar as normas para ingresso nos portoes celestiais. A nova lei consistia no seguinte: para ser admitido no Ceu, o dia da sua morte deveria ter sido um dia realmente terrivel. A lei entraria em vigor a meia-noite do dia seguinte.
Sendo assim, a meia-noite e 1 minuto do dia seguinte chega a primeira pessoa nos portões do Ceu. O anjo encarregado do portão, lembrando-se da nova lei, prontamente perguntou ao homem:
"- Antes de você entrar, eu preciso que me conte como foi o dia em que você morreu."
"-Sem problemas", disse o homem. "Ha algum tempo eu vinha desconfiando que minha mulher estava tendo um caso. Eu acreditava que todos os dias na hora do almoco ela trazia seu amante pro nosso apartamento que ficava no 25. andar de um predio e fazia sexo com ele. Entao ontem eu estava indo pra casa pra pega-los. Bem, cheguei la e entrei rapidamente, comecando a procurar o tal rapaz. Minha esposa estava semi-nua e gritando comigo enquanto eu dava uma busca por todo o apartamento. Mas nao conseguia encontra-lo de jeito nenhum! Quando eu estava quase para desistir, olhei para a sacada do apartamento e percebi que havia uns dedos dependurados. O diabo do rapaz achava que poderia se esconder de mim! Entao, eu corri la pra sacada e bati nos seus dedos ate que ele largou e caiu la de cima. Mas voce nao pode imaginar sua sorte pois ele caiu em cima de alguns galhos que amorteceram sua queda e ele nao morreu. Num acesso de raiva eu entrei no apartamento e peguei a coisa mais pesada que tivesse pra jogar em cima dele. Desliguei a geladeira da tomada e com raiva a atirei la do 25. andar bem em cima dele. A emoção do momento foi tao grande que em seguida eu tive um ataque do coracao e morri quase que instantaneamente."
O anjo sentou e pensou por alguns instantes. Tecnicamente o rapaz TEVE realmente um pessimo dia e o crime dele foi passional, entao o anjo disse: "-OK, senhor. Benvindo ao Reino dos Ceus!", e deixou-o entrar. Poucos segundos depois chegou o proximo da fila. "- Ok, eis as regras: antes de deixa-lo entrar, preciso ouvir a respeito do dia de sua morte."
"- Claro." Respondeu o homem. "Eu estava na sacada do meu apartamento no 26. andar fazendo meus exercicios diarios quando escorreguei e cai pela lateral da sacada! Por sorte, no entanto, eu fui capaz de me segurar na sacada imediatamente abaixo da minha. Qual nao foi a minha surpresa quando apareceu um homem maluco e ficou batendo nos meus dedos ate que eu soltasse e obviamente caisse la de cima. Eu cai em cima de algumas arvores e galhos que amorteceram minha queda, de modo que eu nao morri de imediato. Quando eu estava la, de rosto pra cima, incapaz de me mover e gemendo de dor eu vi o homem empurrar uma geladeira pela sacada e ela caiu exatamente em cima de mim e me matou."
O anjo quieto e rindo pra si mesmo enquanto o homem terminava sua historia pensou e disse:
"- Muito bem, Benvindo ao Reino dos Ceus!", e deixou o homem entrar.
Poucos segundos depois o terceiro homem da fila chega ao portao.
"- Conte-me como foi o dia em que voce morreu."
"- Ta legal, mas voce nao vai acreditar: Eu estava pelado dentro de uma geladeira..."

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Humor Judaico

Dizem alguns historiadores de pouco crédito que um dia D-us perguntou aos egipcios:
- Vocês querem um mandamento?
E eles:
- Qual seria o mandamento?
- Não cometerás adultério!
- De jeito nenhum! Isso arruinaria nossos finais de semana!

Então D-us perguntou para os Assírios:
- Vocês querem um mandamento?
- Qual seria o mandamento?
- Não roubarás!
- Não, obrigado! Isso arruinaria nossa economia!

Então D-us perguntou aos Judeus:
- Vocês querem um mandamento?
- Quanto vai custar?
- É de graça!
- Então manda uns dez!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Humor Judaico

A Loja de D'us

"Entrei e vi um Anjo no balcão".Maravilhado lhe disse:·" Santo Anjo do Senhor, o que vendes?"Respondeu-me:·" Todos os dons de Deus."
·" Custa muito?"·" Não. Tudo é de graça."
Contemplei a loja e vi: jarros e vidros de fé, pacotes de esperança, caixinhas de salvação e sabedoria. Tomei coragem e pedi:
·" Por favor, quero muito amor de D'us, todo perdão Dele, vidro de fé, bastante felicidade e salvação eterna para mim e para minha família.
Então o Anjo do Senhor preparou um pequeno embrulho que cabia na minha mão.
·" É possível tudo aqui?"
O Anjo respondeu-me sorrindo:·" Meu querido irmão, na loja de D'us não vendemos frutos, apenas sementes."
-" Isso quer dizer que não preciso desse embrulho...
- Pois no meu coração já existem essas sementes...
- Só tenho que cultivá-las para que não morram!"

domingo, 19 de setembro de 2010

Sucot

22 a 29 De Setembro de 2010
“Celebrarás a festa das cabanas (Sucot) durante sete dias, uma vez recolhido o produto da tua era e do teu lagar” (Devarim 16:13).
RaShBaM comenta:”Uma vez recolhido o produto da tua era e do teu lagar”, quando a tua casa esteja repleta de tudo o que é necessário, lembra-te que em cabanas se mantiveram os Filhos de Israel, sem assentamentos nem descansos.
Então “lembrar-te-ás de todo o trajecto pelo qual te encaminhou o Eterno, teu D-us, quarenta anos no deserto e comeste maná para que saibas que nem só de pão vive uma pessoa, senão pela palavra de D-us viverá o homem”.
E porque te obriga a tudo isto:”Pois o Eterno, teu D-us, te traz à boa terra... Não vá acontecer que comas, te fartes, construas boas casas, te fixes, se eleve o teu coração te esqueças do Eterno, teu D-us, que te tirou da Terra do Egipto e te levou pelo enorme deserto cheio de serpentes, cobras e escorpiões; e quando estavas sedento, tirou água das rochas, e te deu de comer maná... E dirás no teu interior: minha força e meu poder fizeram-me toda esta grandeza; e recordarás o Eterno, teu D-us, pois ele te deu a força para fazer o poder”:
Porque é que D-us fixou a festa de Sucot na época da recolecção dos grãos do campo e da uva e nos obrigou a abandonar as nossas casas? Para recordarmos que os nossos antepassados não tiveram descanso nem residência fixa para que as pessoas não se orgulhassem com os seus bens e se esqueçam de D-us. Com estas palavras a Torá adverte-nos sobre o perigo da riqueza e do poder: Não aconteça que vás a acreditar em ti mesmo e te esqueças do teu Criador.
O orgulho é o maior inimigo do reconhecimento de D-us. Como disse o Talmud: “A Divindade pode habitar com todos excepto com o orgulhoso”.
Como comprovamos ao longo da nossa história, desde Moshé Rabenu até aos nossos dias, o bem estar e a tranquilidade económica foram sempre os precedentes da queda espiritual do nosso povo e atrás dessa queda sobrevieram as desgraças.
Foi por este motivo que D-us nos obrigou, durante uma semana por ano, a abandonar a nossa casa e sentir-nos temporários numa cabana, cujo precário tecto não nos proporciona segurança e nem sequer nos protege das chuvas. Esta mitzvá de viver na Sucá durante sete dias é, precisamente o meio para cumprir com o que nos ordena o Versículo: ”E recordarás que D-us...”
Leis costumes de Sucot
“E no quinze do sétimo mês, quando termine a colheita, celebrareis festa ao Eterno (a festa das cabanas) durante sete dias. O primeiro dia será de restrito descanso, como também o oitavo dia. E tomareis para vossos frutos de cidra (árvore cítrica), folhas de palma, ramos de mirta e de salgueiro de uma pequena corrente de água corrente e vos regozijareis perante o Eterno, vosso D-us, durante sete dias. Será uma festa de sete dias durante o ano para o Eterno. Lei eterna será para vós, esta festa, para que a celebreis anualmente cada sétimo mês. Vivereis em cabanas nesses sete dias. Cada natural de Israel habitará em cabanas, para que vossas gerações saibam que fiz habitar os Filhos de Israel em tendas quando vos libertei da terra do Egipto: Eu, o Eterno, vosso D-us” (Vaikrá 23:39-43)
São quatro os preceitos que a Torá nos encomenda na festa de Sucot:
1.- “O primeiro dia será descanso, como também o oitavo”.
2.- “Celebrareis festividade ao Eterno durante sete dias... e vos regozijareis perante o Eterno, vosso D-us, durante sete dias”.
Todo o trabalho que está proibido realizar em Shabat, está proibido fazê-lo no primeiro e no oitavo dias de Sucot, como nas demais festividades, excepto os mesteres necessários para a preparação de alimentos, o transporte de objectos pela via pública e passar pelo fogo de uma torcida pré acendida a uma outra.
A comparação dos dias festivos com Shabat encontramo-la em vários pesukim (versículos) da Torá, nos quais as festas são nomeadas com o nome de “Shabat Shabaton”. A respeito de Sucot, lemos em Vaikrá 23:39: “E no dia quinze do mês sétimo da colheita, celebrareis festividade o Eterno durante sete dias. O primeiro será de restrito descanso, como também no oitavo dia”.
Entretanto, a Torá permitiu realizar as tarefas indispensáveis para a celebração da festa (“E o alimento da pessoa, apenas é, e será feito para vós”). Foi desta maneira que nos permitiu cozinhar o necessário para o mesmo dia mas não de um dia festivo para o seguinte ou do dia festivo para Shabat (excepto com Eruv Tavshlim). Apesar de nos permitir cozinhar, proibiu-nos acender ou apagar fogo, como também nos foi proibido o uso da electricidade, permitindo-se apenas acender o fogo de uma torcida pré-acendida.
Devido a que está permitido transportar alimentos pela via pública, também nos está permitido tirar qualquer objecto necessário como as chaves do apartamento, por exemplo.
3.- “E tomareis para vossos frutos de cidra, folhas de palma e salgueiro de corrente”.
Todos os preceitos devem cumprir-se da melhor maneira possível, procurando embelezá-los segundo os nossos meios materiais.
“Este é o meu D-us e a sua beleza”, disse o versículo. Por isso devemos esmerar-nos no embelezamento das mitzvot, em especial na do lulav, o qual está mencionado como “Fruto eleito”.
São quatro os componentes deste preceito: um Lulav (palmeira), um Etrog (cidra), três Adassim (ramos de mirta) e dois Aravot (ramos de salgueiro).
Dezenas de livros se escreveram sobre os detalhes e leis da Sucá e do Lulav, pelo que não temos a possibilidade de abarcar neste comentário todo o tema. Apenas se exporão aqui algumas leis para que sirvam de guia básico. Para maiores detalhes sobre este caso, recomendamos a consulta de um rabino da comunidade.

O Lulav (palmeira) deverá ter como medida mínima 4 amot (32-40 cm), apresentar umm tronco recto e verde (não deverá estar seco) e os suas folhas não devem estar demasiado abertas (caídas); as duas últimas folhas deverão estar completas e pagadas (tiomet).

O Etrog (cidra) deverá ter como mínimo o tamanho/peso de um ovo ( 60-100 gr), e possuir forma oval e não redonda: a sua côr deve ser amarela ou verde amarelado e deve ser uma fruta fresca ( não deve ser do ano passado). Não deve apresentar nenhuma perfuração e deve estar completo, isto é, que deve ter a parte correspondente ao ramo e à coroa (se esta última caiu enquanto o Etrog estava na árvore, este considera-se apto para cumprir a mitzvá). Não devem ver-se manchas negras ou brancas na maioria do fruto ou na sua parte superior (aonde ainda uma pequena mancha negra ou danificava), nem rasura alguma que atravesse a cáscara verde em toda a sua espessura.
Na actualidade encontram-se no mercado muitos tipos de incetos de Etrog, em especial com limão, que nãao são aptos para cumprir o preceito, pelo que é muito importante certificar-se de que os Etroguim foram plantados colhidos por pessoas temerosas a D-us.
Entre as características do Etrog que se diferenciam do limão, encontra-se o seu aspecto exterior enrugado (o limão é liso); na sua maioria têm uma cáscara seca (o limão com sumo), a sua rama está incrustrada (enquanto que no limãao sobressai). De qualquer modo, existem hoje excertos tãao perfeitos que exteriormente é impossível diferenciá-los.

Os três Adassim (ramos de mirta): da palavra “avot”, deduziram os nossos Sábios que o arbusto escolhido por D~us deve apresentar como mínimo três folhas no mesmo gomo e que as folhas devem tapar-se uma às outras (se as três folhas não crescem à mesma altura, denomina-se “shoté” e não é válido para cumprir a mitzvá). Cada ramo deve ter no mínimo 3 amot (24-30 cm), as suas folhas frescas e completo o seu extremo superior. Devido a que se secam rápidamente deve-se procurar manter as Aravot em lugares frescos e húmidos e substituí-las quando as folhas começam a cair ou a secar. Devem-se ter os msmos cuidados no que respeita às Aravot que se utilizam em Hoshaná rabá.

Dos Aravot (ramas de sauce). Cada ramo deve ter no mínimo 3 amot (24-30 cm), as suas folhas frescas e completo o seu extremo superior. Devido a que se secam rápidamente deve-se procurar manter as Aravot em lugares frescos e húmidos e substituí-las quando as folhas começam a cair ou a secar. Devem-se ter os msmos cuidados no que respeita às Aravot que se utilizam em Hoshaná rabá.
Antes de pegar nas quatro espécies, deve bendizer-se, “Al netilat Lulav”, (no primeiro dia também se deve pronunciar a benção de “Sheheheianu”). Depois pega-se no Lulav (amarrado com uma folha de palmeira junto com os Adassim e as Aravot) na mão direita e o Etrog na mão esquerda; unem-se as mãos, agitam-se as quatro espécies nos seis sentidos. Costuma-se a bendizer pelas Arbaat Hamanim (as quatro espécies) na sinagoga, no momento de Halel. Há quem o faça na Sucá, aantes daa reza matutina.
Muitas foram as explicações e causas expostas pelos nossos Sábios a respeito deste preceito.
Um dos mais divulgados símbolos que reflectem as quatro espécies, recorda-nos os diferentes filhos que formam a grande família do povo de Israel: o Etrog, por exemplo, que possui côr e sabor, simboliza o perfeito conhecedor da Torá e observante dos preceitos; o Lulav, que representa frutos mas que possui cheiro, simboliza aquele que é recto observante mas sem conhecimentos; o Adás, com com cheiro sem frutos, representa o malvado que, conhecendo a Torá, não a cumpre; a Aravá, sem fruto nem cheiro, é o exemplo do judeu simples que não conhece nem cumpre com os preceitos.
Apesar da direfença entre estes quatro tipos de pessoas, a Torá obriga-nos a uni-los (Agudá achat) e a elevá-los por intermédio do cumprimento dos preceitos, para D-us, o que simboliza, ao mesmo tempo a arebut (responsabilidade recíproca) entre todos os judeus, em qualquer lugar onde se encontrasse, quer em terreno físico quer espiritual.
4.- ”Vivereis em cabanas nesses sete dias”.

“Vivereis em cabanas nesses sete dias. Cada naturalde Israel habitará em cabanas, paara que vossas gerações saibam que fiz habitar os filhos de Israel em tendas quando os libertei da Terra do Egipto; Eu, o Eterno, vosso D-us”: O preceito característico desta festa é o de viver na Sucá.
Muitos foram os comentários escritos pelos nossos Sábios a respeito da Sucá. De entre as conclusões que se extraem do estudo da Torá, deduzem que existe a obrigação de “sentar-se” dentro da Sucá e é por isso que esta não deve ser demasiado alta (até 20 amot, isto é, não ser mais alta que 10’ 12 metros).
Por outro lado, as ripas do tecto não dvem cobrir totalmente a cabana, para que se possa ver o céu (então a sucá assemalhar-se-ia a uma casa). Por este motivo, deverá ter um tecto com ramos de árvores ou canas, arrancadas das suas raízes (a que se constrói debaixo de uma árvore ou de um balcão não é apta).
Essas ripas ou madeiras, na sua maioria, nãao devem proceder de instrumentos desmantelados (como escadas, camas, caixas para transporte, restos de construção, etc). Também não deverão ser roubados nem públicos, devido a que a Torá nos advertiu:”Farás para ti”.
A ramagem do tecto deve ser espessa ou suficiente para que até ao último dia da festa prodiga mais sombra que sol (sobre o sol) ao meio dia. Os ramos não devem ser colocados sem intenção (cavaná) ou antes um mês antes de Sucot.
Os ramos não devem cheirar mal ou estar secos ao ponto das folhas caírem dentro da Sucá, devido a que seria indesejável habitar nela, contadizendo assim a Torá que disse:”Sete dias sentar-vos-eis aí”.
As paredes da Sucá têm que ser três, com uma altura mínima de um metro. Podem ser feitas de qualquer material, com a condição de que sejam bastante rígidas para poder suportar um vento normal e não oscilar mais de 10 cm( por esta razão,as cabanas de pano que não estão reforçadas com arame ou madeira não são aptas para o cumprimento do preceito).
Devido a que a altura obrigatória da Sucá é de um metro, pode-se construir uma Sucá com 4 ripas de madeira, separados por uma distância de mais de 70 cm, rodeando cinco vezes as ditas ripas com uma corda ou arame (cada linha deve estar a menos de 24 com da seguinte devido a que o vazio de menos de 3 tefachim-24cm- não se considera como tal).
Deve-se construir primeiro as paredes e só depois colocar o arame. Este último não deve ser pregado nem reforçado com madeira ou cordas que não sejam aptas para o arame da Sucá.
A Sucá construída dentro de asa por meio de tectos demontáveis, não poderá ter desde a parede até o arame mais de 4 amot (2 m) para que se possa considerar como a curvatura da parede (dofen akumá).
A Sucá deve ser construída de tal modo que se possa viver (comer e dormir) sem empedimentos nem incómodos. Se uma pessoa não pode suportar o frio ou os insectos, não se considera Sucá e não cumpre com o preceito ainda que se esforce para comer e dormir nela.

A mitzvá obriga-nos a viver sete dias na Sucá, pelo que devemos fazer todos os possíveis por sentir-nos “em casa”, por meio de uma formosa Sucá bem ornamentada com bons utensílios e cómodos assentos e camas.
Estamos obrigados a comer (apenas se considera comida se os alimentos são acompanhados de pão) e dormir na Sucá durante sete dias(8 no estrangeiro).
Devemos procurar permanecer o maior tempo possível dentro da Sucá. A primeira noite estamos obrigados a comer, ainda se não o desejamos, a diferença dos demais dias em que se comemos pão não há obrigação de fazê-lo na Sucá.
Em Simchá Torá (último dia de Sucot) está proibido comer e dormir na Sucá, pois a Torá ordenou-nos fazê-lo durante sete dias (oito no estrangeiro) e não 8 (9 no estrangeiro).
Todos os adornos e frutos pendurados na Sucá não deverão ser usados ou conssumidos até depois da festa, ainda se se caem por si sós.
Com a benção do pão deverá bendizer “Leshev BaSucá”, excepto no primeiro dia e em Shabat, que sepronuncia o Kidush. Na primeira noite agrega-se também a benção de “Shehecheianu”.
Hoshaná Rabá
O último dia do Hol Hamoed de Sucot é denominado Hoshaná Rabá, devido às múltiplas repetições da oração “Hosha-ná” (Salva-nos, por favor), que se diz em todos os serviços matutinos da festa, nos quais se costuma rodear a Tevá com o Sefer Torá, dando uma volta cada dia e no último, Hoshaná Rabá, sete em recordação dos rodeios das muralhas de Jericó (Yerichó).
Outras das obrigações deste dia é o atalho que se realiza com a Aravá, que fizeram os nossos Sábios em recordação do preceito de rodear o altar do Templo durante toda a festa de Sucot com estas espécies. Ainda que com um só ramo se possa cumprir esta mitzvá, costuma-se amarrar em forma de cacho cinco ramos (com as mesmas características apontadas anteriormente com respeito à Artavá e ao Lulav). Depois o atalho, costuma-se bater com eles no solo da terra.
Também se costuma estudar toda a noite ou ler Tikun Hoshaná Rabá, recordando desta maneira que se finaliza o ciclo anual da leitura da Torá em Simchá torá.
Segundo o Midrash, D-us julga em Rosh Hashaná, ditamina em Yom Kipur e reafirma a Sua sentença em Hoshaná Rabá, pelo que este dia de estudos e orações é muito importante para consolidar a nossa estabilidade espiritual que nos permite, por sua vez, mudar os desígnios desfavoráveis que foram decretados desde os Céus.

Simchá Torá
“Ao oitavo dia , que será de sagrada convocação para vós, apresentareis oferta ao Eterno e não fareis nenhum trabalho” (Vaikrá 23:36).
No oitavo dia de “Atseret“(descanso), a expressão “Nenhum trabalho fareis neste dia” não pertence a Sucot senão que se trata de uma festa de per si, como disse o Midrash Rabá: “Depois de quase um mês de contínua convivência com a Divindade, vem D-us e pede-nos que nos retenhamos um dia mais com Ele”.
Neste dia, termina-se e começa-se novamente a leitura da Torá pois de aí provém o nome Simchá Torá, devido a que o estudo e o cumprimento da Torá deve fazer-se com alegria.

Nos serviços de Simchá Torá costuma-se tirar todos os Sifré Torá (Rolos da Torá) e dançar diante deles em sinal de alegria, como aconteceu quando o Rei David trouxe a Arca da Aliança a Jerusalém e como conta o profeta Samuel (Shmuel), o mesmo Rei dançava diante da Arca como um jovem.
Costuma-se repetir a leitura da Torá quantas vezes seja necessário para que todos os correligionários possam “subir” à Tevá e também se costuma reunir todos os meninos menores de 13 anos para que subam todos juntos à leitura.
Aquele que finaliza como aquele que começa a leitura do Sefer Torá , denominam-se “Chatné Torá” (noivos da Torá) quem costumam convidar os assistentes a um Kidush festivo, expressando assim o regozijo pela honra recebida nesse dia.
“Alegrem-se e disfrutem da alegria da Torá”.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Yom Kippur 5771

“E disse o Eterno a Moisés: E ao décimo dia do sétimo mês, será de expiação (Yom Kipur), de santa convocação para vós. Afligir-vos-eis e apresentareis uma oferta ao Eterno. E não fareis nenhum trabalho nesse dia, porque é dia dia de vossa expiação perante o Eterno, vosso D-us. Quem não se afligir nesse dia será extirpado do seu povo. Não fareis nenhuma obra. Será estatuto para todas as vossas gerações, onde quer que habitareis, a partir do crepúsculo do dia nove do mês e até ao entardecer do dia seguinte”. (Vaikrá 23:26-32).
Excepto os sacrifícios correspondentes que ordena a Torá (que por ausência do Templo não podemos realizar), D-us encomendou-nos dois preceitos nesse dia: A aflição das almas e a proibição de realizar trabalhos.
Ainda que o dia de Kipur foi denominado pela Torá Shabat Shabatón como as demais festividades (Rosh Hashaná, Pessach, Shavuot e Sucot), não está permitido nenhum tipo de trabalho, inclusive os permitidos nos outros dias festivos (separação de alimentos), devido que a proibição é clara: “Não fareis nenhum trabalho” , como em Shabat.
“E afligireis as vossas almas”
Se bem que a Lei escrita não especifica o significado do preceito de afligir as vossas almas, a Lei Oral (“Torá She Vealpé”), transmitida a Moshé pela boca de D-us no Monte Sinai, explica que neste dia temos cinco proibições:
Jejum (tanto de comida como de bebida), excepto para os doentes graves ou para aqueles para quem o jejum possa pôr as suas vidas em perigo, as mulheres durante os três dias posteriores ao parto e os menores de idade (meninos até os 13 anos e meninas até os 12). De qualquer modo , há que educar os menores de mais de 9 anos fazendo-os jejuar parte do dia (segundo as suas forças).
Em caso de necessidade, no qual um doente pede comer, devemos recordar-lhe que é Yom Kipur e ainda se necessita interromper o jejum por razões de saúde, não deverá ingerir mais quantidade do tamanho de 2/3 de um ovo em alimentos sólidos, nem mais de 40 cc de líquido em menos de 9 minutos.
A proibição da lavagem, tanto com água quente como com água fria, rege apenas quando se realiza por prazer mas por necessidade (como aquele que sai da casa de banho, por sujidade ou ao despertar-se) está permitido. No caso da lavagem obrigatória das mãos, apenas se verterá água até aos nós dos dedos.
Está permitida a utilização de um unguento receitado por um médico está, ao contrário dos cremes das mãos e outros cosméticos cujo uso está proibido.
Os nossos Sábios apenas proibiram os sapatos nos quais, alguma das suas partes são deste material. Os sapatos de pano, de borracha ou plástico, estão permitidos, como também, no caso de necessidade ou em lugares de perigo por haver escorpiões ou serpentes, estão permitidas as botas altas que podem evitar esse perigo.
A vida matrimonial está proibida, pelo que se devem guardar todas as leis de Nidá (Pureza Familiar).
Todos os preceitos começam a reger desde o entardecer da véspera, se coincide Yom Kipur com Shabat, dever-se-ão cumprir todos os preceitos correspondentes, devido à repetição do parágrafo que nos esclarece que, ainda que o dia é considerado sabático, temos de afligir as nossas almas.
A Seudá Mafseket (comida de interrupção) que efectuamos antes de começar com o jejum, deverá ser festiva em sinal de confiança na Bondade Divina, como demonstração da nossa segurança de que o Todopoderoso perdoará as nossas transgressões. De qualquer forma, é recomendável não abusar nas comidas, em especial as saladas ou de difícil digestão, para que não produza esse excesso, a sede ou em descanso nas orações.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Mensagem da Comunidade Judaica de Belmonte

FELIZ ANO DE 5771 PARA TODOS!
LESHANÁ TOVÁ UMETUKÁ TIKATEVU VECHATIMÁ TOVÁ!

Rosh Hashaná - Leis e Costumes

Quarta-feira à noite (dia 08 de Setembro) até sexta-feira (dia 10 de Setembro)
As Mitzvot de Rosh Hashaná

ShofarDeve-se ouvir o toque do Shofar na Sinagoga.

Hatarat Nedarim - Pedido de Anulação de PromessasCostuma-se anular promessas feitas durante o ano perante um grupo composto por 10 homens. É realizada antes de Rosh Hashaná para que o ano novo reinicie sem conexão com qualquer falha que possa ter havido no passado.
Maçã com Mel - Na primeira noite, antes de iniciar a refeição, mergulha-se uma maçã doce no mel.
Shaná Tová - Na primeira noite de Rosh Hashaná, após a reza, é costume comprimentar as pessoas com o voto: "Possas tu ser inscrito e selado para um bom ano." / "Shaná Tová ve chatimá tová".
Chalot Redondas - Usam-se duas chalot redondas a cada refeição e é costume mergulhar cada fatia no mel antes de comer.

Tashlich - No primeiro dia de Rosh Hashaná, logo após a reza da tarde, Minchá, é costume ir até um poço ou lago onde haja peixes e recitar uma bênção especial chamada "Tashlich" ("Jogarás"). Simbolicamente jogamos nossos pecados nas profundezas do mar. A água representa a bondade e os peixes, cujos olhos nunca fecham, representam a vigilância constante de D’us sobre nós.
Fruta Nova Na segunda noite, uma fruta da nova estação, que ainda não tenha sido provada, é saboreada logo após o kidush.

Cabeça de peixe, servida durante a refeição, faz parte de um dos símbolos da festa para lembrar que devemos ser sempre "cabeça"; um exemplo a ser seguido por todos.
Proibições - As atividades criativas proibidas no Shabat também o são em Rosh Hashaná, com excepção de carregar num domínio público, cozinhar para as refeições do mesmo dia (se for utilizado fogo de uma chama acesa desde a véspera) e outras atividades ligadas à preparação dos alimentos.

http://chabadbhz.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=121:rosh-hashana-leis-e-costumes&catid=1&Itemid=18

UM PENSAMENTO PARA ENTENDER

“Houve um tempo onde as pessoas não tinham carreiras. As pessoas não viviam de modo a adquirir riqueza material.
As pessoas trabalhavam para ganhar dinheiro suficiente para suas famílias ter o que comer naquele dia, com um pouco de dinheiro extra para uma ocasião especial.
Hoje somos escravos de nossas casas, carros e gadgets… que ‘precisamos’ comprar.”

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Informação

A Comunidade Judaica de Belmonte, informa que se encontra o Rabino Elisha Salas ao serviço da Comunidade.

Objectivos;

1 - Ensinar Hebraico.
2 - Ensinar Leis Judaicas,
3 - Assistência nas festas religiosas,
4 - Sheritá (cobrança pelo próprio),
5 - Leitura da Toráh.

Shabat Shalom

terça-feira, 27 de julho de 2010

Noticias

Restos humanos são localizados onde caiu helicóptero israelense
Viena, 27 jul (EFE).- As equipes de resgate localizaram ao menos quatro corpos na região montanhosa do centro da Romênia onde na segunda-feira caiu um helicóptero israelense com sete tripulantes a bordo.Em declarações ao canal de televisão "Realitatea", o chefe das operações de resgate, Fanica Boboc, indicou que na segunda-feira à noite conseguiram chegar à região do acidente com o CH 53. No local, quatro corpos foram resgatados.Embora o Ministério de Defesa romeno ainda não tenha confirmado a morte dos militares, a imprensa e as autoridades israelenses divulgaram a identidade dos tripulantes e confirmaram que não há sobreviventes.O jornal "Adevarul" traz o testemunho do porta-voz policial Ciprian Aldea sobre a localização dos corpos na região do acidente.Pelas primeiras informações, o helicóptero de transporte de tropas incendiou após o impacto contra a região montanhosa na qual voava a baixa altura.O Ministério da Defesa romeno confirmou à Agência Efe que ontem por volta das 15h20 no horário local (10h20 de Brasília) perdeu contato por rádio com a aeronave, que participava das manobras conjuntas "Blue Sky 2010", nas quais as tripulações são treinadas em missões de busca, resgate e evacuação a baixa altitude.

domingo, 18 de julho de 2010

Tisha Be Av

Tishá be Av – A destruição do TemploRabino Shraga Simmons

Visão geral e leis do dia nacional do luto judaico
este ano de 2010 cai na Segunda-feira(19) a noite e termina terça-feira (20) a noite
O QUE ACONTECEU NO DIA 9 DO MÊS DE AV?Em Tishá Be Av, cinco calamidades nacionais ocorreram:
1. No tempo de Moisés, os judeus no deserto aceitaram o relatório difamador dos 12 Espiões, e o decreto de proibição de entrada na Terra de Israel foi emitido. (1312 Antes da Era Comum)
2. O Primeiro Templo foi destruído pelos babilônios, liderados por Nabucodonosol. 100,000 judeus foram sacrificados e milhões foram exilados. (586 Antes da Era Comum)
3. O Segundo Templo foi destruído pelos Romanos, liderados por Titus. Cerca de dois milhões de judeus morreram, e um milhão foram exilados. (70 Era Comum).4. A revolta de Bar Kochba foi reprimida violentamente pelo Imperador romano Hadrian. A cidade de Betar, a última estadia dos judeus contra os Romanos foi capturada e liquidada. Mais de 100,000 judeus foram sacrificados. (135 Era Comum )
5. A área onde ficava o Templo e o ambiente ao redor deste foram destruídos pelo general romano Turnus Rufus. Jerusalém foi reconstruída como uma cidade pagã renomeada Aelia Capitolina e o acesso aos judeus era proibido.
Outros infortúnios graves ocorreram ao longo da história judaica no dia 9 de Av:
A Inquisição espanhola culminou com a expulsão dos judeus da Espanha em Tishá Be Av, em 1492. A Primeira Grande Guerra mundial estourou inesperadamente na véspera de Tishá Be Av em 1914, quando a Alemanha declarou guerra contra a Rússia. O ressentimento alemão vindo da guerra preparou o terreno para o Holocausto. Na véspera de Tishá Be Av, em 1942, a deportação de judeus em massa começou no Gueto de Warsaw a caminho de Treblinka. ASPECTOS DO LUTO: A TARDE QUE ANTECEDE TISHA BE AV
Na tarde que antecede Tishá Be Av, é costume se alimentar bem em preparação para o jejum.
No fim da tarde, comemos a Seudá Hamafseket que é uma refeição que consiste somente de pão, água, e um ovo cozido.
O ovo tem dois significados: sua forma redonda nos lembra o ciclo da vida. E também, o ovo é o único alimento que endurece quanto mais é cozinhado, o que simboliza a habilidade do povo judeu de resistir às perseguições.
A comida que foi usada na Seudá Hamafseket é imersa em cinzas, o que simboliza, por sua vez, o luto. A refeição deve, de preferência, ser feita sozinha e sentado no chão, seguindo a lei do luto judaico.
RESTRIÇÕES EM TISHA BE AV
Ao pôr-do-sol, as leis de Tishá Be Av começam, consistindo nas seguintes manifestações de luto:
Não comer ou beber até o anoitecer da noite seguinte.A. Grávidas e mulheres que estão amamentando também devem jejuar.
B. Uma mulher que está no período de 30 dias depois do nascimento não precisa jejuar.
C. Pessoas que são idosas, fracas, ou que estão doentes devem se consultar com um rabino para saberem se jejuam ou não. (MB 554:11)
D. Pode tomar remédios em Tishá Be Av desde que, de preferência sejam tomados sem água.
E. No caso de muito desconforto, a boca pode ser enxaguada com água.Mas deve-se tomar muito cuidado para não engolir nada. (MB 567:11)
2. Outras proibições incluem:
A. Qualquer tipo de banho ou lavagem, excepto a remoção da sujeira específica , como por exemplo a sujeira nos olhos (OC 554:9, 11). (ao acordar, de manhã, antes da reza ou depois de usar o banheiro, deve se lavar somente os dedos). Veja em OC 554:10, OC 613:3, MB 554:26)
B. Passar algum creme na pele por prazer. (O desodorizante é permitido.)
C. Ter relações matrimoniais.
D. Vestir Sapatos de couro. (os cintos de couro podem ser vestidos.) (Ver em: “Leis relativas ao uso de Sapatos e Cadeiras”)
E. Estudar Torá, pois esta é uma actividade alegre. Pode se estudar textos relevantes a Tishá Be Av e luto, como por exemplo o Livro das Lamentações, O livro de Jób, partes do Tratado de Moed Katan, Gittin 56-58, Sanhedrin 104,o fim de Yerushalmi de Taanit, e as Leis de Luto. O estudo mais profundo deve ser evitado. (MB 554:4)
3. Outras práticas de luto incluem:
Não se sentar em lugares muito altos, longe do chão. Depois do meio-dia, pode se sentar em uma cadeira. (OC 559:3) Não tomar parte em negócios ou outras distrações de trabalho, a menos que resulte em perda significativa. (OC 554:24) Abster-se de saudar as outras pessoas ou oferecer presentes. (OC 554:20) Evitar conversas sem importância ou actividades de lazer. Depois de Tishá Be Av, todas as actividades normais podem ser retomadas, com exceção das seguintes que devem ser adiadas até o meio-dia do dia 10 de Av, pois o Templo ainda estava em chamas durante este dia:1. Cortes de cabelo e lavagem de roupas. (Quando Tishá Be Av cai numa quinta-feira, é permitido fazer imediatamente depois de Tishá Be Av, em honra ao Shabat .)
2. Tomar banho. (Quando Tishá Be Av cai numa quinta-feira, pode se tomar banho na sexta-feira de manhã.)
3. Comer carne e beber vinho.
4. Ouvir música e nadar.
REZAS EM TISHA BE AV
1. As luzes na sinagoga são escurecidas, velas são acesas, e a cortina é removida da Arca. O hazan canta as orações em voz baixa e triste, o que nos lembra da Presença Divina que saiu do Templo Sagrado.
São lidos de noite e durante o dia o Livro de Eichá (Lamentações) e o lamento poético de Jeremias em relação à destruição de Jerusalém e do Primeiro Templo. Seguindo as rezas da noite e do dia, são recitadas "Kinot" (elegias) . De manhã, lê-se a porção da Torá de Deuteronômio 4:25-40. Nela há a profecia relativa ao futuro inquietante e ao exílio de Israel. O que é seguido pela Haftará de Jeremias (8:13, 9:1-23) descrevendo a devastação de Sião. À tarde, lê-se o livro de Êxodo 32:11-14, sendo seguido pela Haftará de Isaias 55-56. Visto que o Talit e o Tefillin representam glória e condecoração, eles não são vestidos em Shacharit., somente em Minchá, pois certas restrições de luto são diminuídas. O Birkat Cohanim só é dito em Minchá, e não em Shacharit. As rezas para confortar Sião e o "Aneinu” são acrescentadas na Amidá de Minchá. Antes de quebrar o jejum, é costume fazer o Kidush Levaná.
QUANDO TISHA BE AV CAI NO SHABAT
Para mais informações sobre este tópico, veja “Quando Tishá Be Av cai no Shabat ou na Sexta” Aqui há um breve resumo das condições especiais que se aplicam:
1. O jejum é adiado para sábado de noite/domingo.
2. Todas as outras proibições de Tishá Be Av (se lavar, estudar Torá, usar sapatos de couro, etc.) são permitidas no Shabat, com exceção de relações matrimoniais.
3. A Seudá Shlishit não tem nenhuma das restrições da Seudá Hamafseket, e pode incluir carne e vinho. Porém, o clima deve ser triste e não deve haver convidados, e a refeição deve terminar antes de pôr-do-sol.
4. Maariv no sábado à noite é feita mais tarde, assim todo mundo pode dizer "Baruch Hamavdil ben kodesh Le hol," aí então, é possível remover os sapatos de couro e vir para a sinagoga.
5. A Havdalá no sábado à noite é feita somente com uma vela, sem vinho ou especiarias. No domingo de noite, a Havdalá é feita com vinho.
Escrito pelo Rabino Shraga Simmons, em agradecimento ao Rabino Moshe Lazerus.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Noticias


A Comunidade Judaica de Belmonte avisa a todos que se vai realizar o Festival Sefardita http://www.festivalsefardita.com/ Compareça é importante.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Noticias

Israel ampliará poderes de investigadores de ataque a frota humanitária
JERUSALÉM - O governo de Israel está pronto para ampliar os poderes da comissão que investiga o ataque militar a uma frota que levava ajuda humanitária a Gaza, disse nesta quarta-feira, 30, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Veja também: Entenda o bloqueio de Israel a Gaza
A declaração de Netanyahu foi considerada uma estratégia para manter a equipe de investigações, já que ocorreu depois de surgirem boatos de que o chefe dos inspetores, Yaakov Tirkel, ameaçou renunciar. Tirkel teria exigido que a comissão fosse reconhecida como uma missão de inquérito do Estado com o poder de intimar testemunhas e recomendar sanções, além de incluir outros dois membros à equipe.
A comissão foi formada por Israel no início do mês, depois de os militares atacarem a Frota da Liberdade, que levava ajuda humanitária para Gaza, no dia 31 de maio. O episódio deixou nove ativistas turcos mortos e causou grande reação da comunidade internacional, principalmente dos países árabes e islâmicos.
O Estado judeu rejeitou os pedidos da Organização das Nações Unidas (ONU) de criar uma comissão de investigação internacional, mas concordou em incluir dois inspetores estrangeiros na equipe. A medida, porém, foi considerada insuficiente pela ONU e pelos países árabes.
Tirkel disse na segunda-feira que a comissão convocaria Netanyahu para testemunhar, assim como o ministro da Defesa e o chefe de Estado Maior. Também seriam chamados dois assistentes da equipe de investigadores, que iniciou os trabalhos de inspeção oficialmente na segunda. De acordo com a imprensa israelense, Tirkel disse ao ministro da Justiça que renunciaria se seus pedidos não fossem atendidos.
Resposta
Fontes próximas das investigações negaram as informações, mas Netanyahu divulgou um comunicado na terça dizendo que o gabinete estava pronto para dar permissão aos investigadores para convocar testemunhas. "Não há razão para não aceitar os pedidos", disse o premiê, acrescentando que avaliaria a inclusão de novos membros no domingo. O comunicado, porém, diz que isso impediria que soldados presentes na operação fossem interrogados por motivos de segurança.
Os investigadores se limitarão a determinar a legalidade do bloqueio marítimo que Israel impõe a Gaza, seu ataque contra a frota e a ação dos ativistas e dos organizadores da frota.
Segundo Israel, seus soldados abordaram a frota para impedir que armas chegassem às mãos do grupo militante palestino Hamas, que controla a faixa de gaza desde 2007. As autoridades dizem que os militares só abriram fogo depois de serem atacados. Os ativistas, porém, negam essa versão.
Israel mantém o bloqueio a Gaza desde 2007, quando o tomou o controle do território à força. O governo israelense impões restrições de viagens e entrada de ajuda à Faixa de Gaza. Israel atualmente só permite a entrada de ajuda humanitária a Gaza através de pontos controlados na fronteira terrestre entre os territórios, embora tenham tomado medidas para aliviar o embargo.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Noticias

Conselho Europeu condena ataque de Israel e pede fim de bloqueio a Gaza
ESTRASBURGO - A Assembleia Parlamentar do Conselho Europeu condenou nesta quinta-feira, 24, o ataque de Israel contra uma frota que levava ajuda humanitária á Faixa de Gaza e exigiu a suspensão imediata do bloqueio que o Estado judeu mantém sobre o território palestino, segundo uma resolução discutida no órgão.
Veja também:Abbas critica expulsão de palestinos Entenda o bloqueio de Israel a Gaza
O texto da resolução assegura que o ataque "foi um ato ilegal que constitui uma violação do direito internacional" e que a Assembleia compartilha das condenações já feitas pela Organização das Nações Unidas (ONU), pelo Quarteto para o Oriente Médio e pela União Europeia. O documento foi aprovado com 106 votos a favor, quatro contra e seis abstenções.
Segundo o congresso europeu, o texto "deplora" que as autoridades israelenses não tenham aceito a petição para abrirem uma investigação internacional sobre o ocorrido. Israel conduz uma inspeção interna sobre o ataque, que deixou nove civis turcos mortos e causou a ira de países islâmicos e árabes.
Os países europeus também pediram o fim imediato e incondicional do bloqueio de Israel mantido sobre Gaza desde 2007, quando o partido militante palestino Hamas tomou o controle do território à força. Segundo o documento, Israel deve permitir a entrada de bens na área pelo mar e pela terra "sem prejudicar sua própria segurança" para que os palestinos "possam viver em condições normais".
Com o bloqueio, o governo israelense impões restrições de viagens e entrada de ajuda à Faixa de Gaza. Israel atualmente só permite a entrada de ajuda humanitária a Gaza através de pontos controlados na fronteira terrestre entre os territórios, embora tenham tomado medidas para aliviar o embargo.
Os israelenses dizem que agora todos os bens que não possam ser desviados para fins militares podem entrar em Gaza. Cimento e metais são alguns dos materiais que, segundo o Estado judeu, podem ser usados pelo Hamas para a construção de armas.
A resolução também aborda outros pontos de tensão entre palestinos e israelenses. Foi pedido um acordo que estabeleça a libertação do soldado Gilad Shalit, de Israel, capturado pelo Hamas há quatro anos, e que este grupo militante palestinos reconheça o Estado de Israel e não realize mais ataques contra os judeus.
(Com informações da agência Efe)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Noticias

Israel decide aliviar bloqueio à Faixa de Gaza

O gabinete de Segurança de Israel decidiu hoje flexibilizar o bloqueio à Faixa de Gaza, após a forte pressão internacional diante do ataque da marinha israelense a uma flotilha humanitária no dia 31 de maio, que matou nove ativistas turcos. "Concordamos em tornar o bloqueio mais suave para a entrada de mercadorias e expandimos também para materiais visando projetos civis, os quais estão sob supervisão internacional", disse um oficial de Estado, sem especificar que itens integram a lista.
O anúncio indica que Israel talvez permita que organizações internacionais, como a ONU, tragam para a Faixa de Gaza materiais de construção, de vital importância para a reconstrução da região, arrasada pela guerra ocorrida de dezembro de 2008 a janeiro de 2009. O governo israelense frisou que, apesar da concessão, continuam em vigor os procedimentos israelenses para prevenir a entrada em Gaza de armas e materiais de guerra.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Shavuot

Shavuot, chamada de Pentecostes, é a festa do tempo, literalmente quer dizer semanas. Refere-se ao espaço de tempo das 7 semanas, contados a partir da páscoa judaica, o Pessach. Estas duas junto com Sucot, Cabanas, são festivais chamados de "regalim"= caminhadas1 , nas quais se peregrinava até o Beit Hamidash = Casa Sagrada em Jerusalém. É tempo de ir ao Templo, destacar2 o sagrado do cotidiano. Esta unidade espaço temporal é análoga ao ensinamento da física moderna que demonstra a intrínseca unidade espaço-tempo. Assim, embora siga linearmente o calendário da contagem semanal, é preciso lembrar que os Tempos e os Espaços místicos são Outros, unos entre si e distintos da racionalidade habitual que os dissocia. Desse modo, por exemplo, a tradição mística judaica conta que a Torá já estava escrita antes da própria criação, sendo só posteriormente outorgada ao povo judeu por ocasião de Shavuot.
Shavuot sintetiza dois tempos, enquanto tempo terreno agrícola como Yom Habicurim, Dia da Colheita, co-incide com as primícias da colheita, espiritualmente levadas ao Templo Sagrado. Lembremos que a Torá , como canta a liturgia, é chamada de Árvore da Vida. Shavuot enquanto tempo espiritual se materializa na entrega da Torá , literalmente "Matan Torá". A eternidade da Torá, partícipe da própria criação do universo, se pontualiza neste dia, tal como a grande restrição Divina do Tzim-Tzum para criação do mundo.
Após a libertação da escravidão contam3 7 semanas, 7 x 7 = 49 dias, que se chama Sefirat HáOmer, até o recebimento, ou seja a Cabalá da Torá, que será o Guia da travessia do deserto rumo a Terra Prometida. Este tempo-espaço entre a libertação da escravidão e o recebimento da Torá , representa uma preparação, um processo de amadurecimento. É a diferença entre se liberar e ser livre, a primeira tem a importância de se referir a se libertar de algo ou alguém, corresponde a uma atitude reativa, da negação da negação, do direito a dizer não, excluir, já ser livre implica em escolher numa atitude proativa que implica no direito de dizer sim, de acatar. Só livre pode o povo eleger a Torá, tal como conta tradição que a Torá foi oferecida a outros povos mas foi o povo judeu que a aceitou para cumprir-lhe os mandamentos, daí melhor compreendermos a significacão do povo eleito4 como povo eleitor, o que elegeu seguir os preceitos da Torá .
O caminho da transcendência corresponde a um processo maturacional5 e é uma das principais temáticas judaicas, aparecendo de várias maneiras, tais como na criação do mundo em 7 dias, no episódio da Árvore do Conhecimento comida antes do tempo6, no casamento prematurado de David com Betsabá, nas orações7 de espera e purificação, como o Mikvê, as ritualizações do Kasher e nas prescrições sobre as primícias do campo.
Também pode ser verificado no recebimento da Torá , pois este se dá em 4 tempos, como se fossem quatro sendo ao mesmo tempo uma única: a primeira Torá é dada na Explosão Oral Divina, insuportável aos ouvidos8 dos israelitas, a segunda que foi quebrada por Moisés no episódio do bezerro de ouro9 , a terceira recebida por Moisés e guardada na arca da Aliança e a quarta escrita-oral, espaço-tempo, transmitida de geração em geração, que é a que conhecemos. Estes 4 tempos correspondem ao ensinamento cabalístico sobre a existência dos 4 mundos: o Mundo da Emanação ( Atzilut), da Criação ( Briá ), da Formação (Yetzirá) e Realização (Assiá) e os 4 elementos Fogo, Água, Ar e Terra.
O poema sapiencial Qohélet, Eclesiastes, literalmente quer dizer " O que sabe " diz que para tudo, seu momento, e tempo para todo o evento, sob o céu. Tempo de plantar e tempo de colher. Shavuot é festa da contagem paradoxal do tempo, na junção da eternidade onde reina a unidade do tempo de plantar e de colher. É tempo de caminhada e de chegada, de ascenção, da junção do espiritual com o material, de saborear as primícias dos frutos da Árvore da Vida renovadores e sonhar com a terra prometida, a Jerusalém Celestial e a salvação Messiânica, quando cohabitará a paz entre os seres vivos, ressuscitados em santidade. Colhemos aquilo que plantamos. Primeiramente limpamos e aramos a santa terra, como nosso corpo, para então colocarmos a semente, como na estória do pé de feijão mágico. Há de se haver descido para poder se ascender.
Mesmo que tudo isto seja um sonho, quando não é solitário passa a ser chamado de realidade. Por isso fazemos as assembléias dos Sonhos em Shavuot. Sonhar e contar com línguas de fogo. Além de sonhar e contar vamos interpretar, pois um sonho não interpretado como diz a tradição é uma carta que não foi aberta. Vamos começar nos apropriando agora do primeiro sonho bíblico que é o de Jacó10 e interpretarmos juntos o seu sentido e utilizarmos do instrumento místico que nos ensina que é a Escada de Jacob, na escalada concreta do caminho espiritual.
1. As peregrinações, colocar o pé malkutiano na estrada, fazem parte de outras culturas que cultuam o crescimento espiritual como processo maturacional no caminho da transcedência. Assim, por exemplo, os sufis e o próprio Islam tem na ida a Meca, uma de suas 5 regras básicas, o Caminho de Santiago de Compostela para os cristão, da mesma forma que nós aqui no nosso Shavuoton, peregrinamos para um retiro, sacralizando este lugar e este momento.2. Que é o sentido da palavra Kadosh= sagrado como distinguir, destacar do comum .3. O Sefer Yetzirá ensina sobre as contas, os contos e a contação.4. Assim como o povo israelita foi eleito para guardar e seguir a Torá , o muçulmano o foi para o Al-Corão, o cristão para os Evangelhos, o Hindu para o Bagawaghita, etc.5. O processo maturacional é constitutivo do ser humano em sua imaturidade essencial e natureza prematura.6. Kafka disse que o homem perdeu o paraíso por causa de sua pressa e para êle não retorna em função da sua preguiça.7. Canta o salmista "Espera pelo Senhor e tem bom ânimo" Sl 27:148. Analogamente a narrativa cabalista sobre a criação do mundo através das sefirot , os vasos da Árvore da Vida, que teriam se partido, a Schevirá, não suportando a primeira emanação da Divina Luz Infinita, o Ayn Sof Aor.9. O dia 17 de Tamuz jejua-se diurnamente para relembrar a quebra das Tábuas.10. Jacó soube interpretar corretamente transmitindo este dom a seu filho José, que bem antes de Freud, já interpretava os sonhos.

domingo, 28 de março de 2010

UMA FRASE PARA PENSAR:

“O passado é história, o futuro é um mistério. Hoje é um presente. É por isso que é chamado ‘presente’.”

Pessach 5770

(Calendário Hebraico) Data de Início: 15 de Nissan de 5770

(Calendário Gregoriano) Data de Início em 2010: 30 de Março

(Atenção: a data hebraica indica a véspera)


Pessach - A Ordem do Seder


A cada geração cada ser humano deve se ver como se ele pessoalmente tivesse saído do Egito. Pois está escrito: "Você deverá contar aos seus filhos, neste dia, "D'us fez estes milagres para mim, quando eu saí do Egito..." (da Hagadá) Kadesh (Santificação) Recita-se o kidush sobre o vinho, e bebe-se o primeiro copo, estando sentado e reclinado para a esquerda. Também recita-se a benção Shehecheianu, agradecendo a D'us por nos ter permitido chegar a este dia. Urchatz (Lavagem) Lavamos as mãos fazendo a água escorrer de um caneco, duas vezes em cada mão, começando com a direita, porém, sem fazer a benção. Urchatz se enquadra na categoria de coisas que se faz para atiçar a curiosidade das crianças. Karpas Pega-se um pequeno pedaço de karpas (batata, ou outro vegetal), e mergulha-se na água salgada. Então faz-se a benção "... bore pri ha'adamá", que também se aplica posteriormente ao maror, e come-se o vegetal. Mergulhá-lo em água salgada lembra-nos das lágrimas e do suor que o Povo Judeu tinha durante o longo período de escravidão. Assim como o urchatz, este ato atiça a curiosidade dos jovens. Yachatz (divisão da matzá) Quebra-se a matzá do meio em dois, embrulhando o pedaço maior e separando-o de lado para o Afikoman. Isto é o que as crianças esperam. Elas tentam "roubar" o Afikoman, e depois "negociam um resgate" para devolvê-lo. Maguid (Conto) É contada a história de como D'us nos salvou da escravidão no Egito e como foi o primeiro Pessach. O chefe da casa explica a história de maneira que todos possam entendê-la. Esta é a parte principal do Seder: a discussão sobre a saída do Egito, e o significado do termo cherut (liberdade). Bebe-se o segundo copo de vinho, antes do Ma Nishtaná. Rachatzá (Lavagem) Desta vez lava-se as mãos também com o caneco, duas vezes sobre cada mão, começando com a direita, e faz-se a benção, como forma de preparação para comer-se a matzá. Esta é o procedimento para todas as refeições em que se comer matzá Motzi Matzá O chefe da casa levanta os três pedaços de matzá, fazendo duas brachot. As suas matzot de cima são quebradas e distribuídas. Maror (Raíz forte) Come-se, com a devida benção, a raiz forte, representando a amargura da escravidão e do trabalho pesado pelo qual os judeus passaram no Egito. Korech (Sanduíche) Faz-se um sanduíche de matzá, maror e charosset (que simboliza o barro utilizado pelos judeus em seu trabalho de construção no Egito). Shulchan Orech (A Refeição) Uma refeição festiva é servida. Não há nenhum requerimento especial quanto a esta refeição, com excessão do lugarzinho que deve ser reservado para o Afikoman, após a refeição. Tzafon (Comendo o Afikoman) Tzafon significa escondido. Neste ponto deve-se comer a matzá que havia sido 'escondida' para a 'sobremesa'. O objetivo é manter as crianças acordadas e atentas até esta parte do Seder, quando elas negociam a devolução do Afikoman em troca de algum presente dos pais. Barech (Bircat HaMazon) (Prece após as refeições) Faz-se a prece após as refeições agradecendo a D'us por tudo que recebemos e depois faz-se a brachá para o vinho e bebe-se o terceiro copo. Bebe-se o quarto copo de vinho. Um quinto copo é preparado e colocado na mesa do Seder para o profeta Eliahu, que é esperado em Pessach para anunciar a chegada do Mashiach. A porta da casa costuma permanecer aberta, para permitir a entrada do profeta. Isto serve também para expressar nossa fé de que nada de ruim nos acontecerá na noite do Seder. Há um outro motivo mais desagradável para manter a porta aberta. Durante a Idade Média, os judeus eram acusados dos assinatos rituais (matar jovens cristãos para usar seu sangue para fazer matzot). Apesar de absurda, esta acusação foi feita até o século XIX, resultando em centenas de manifestações e na morte de diversos judeus). Daí fica-se com a porta aberta, para que a mesa do Seder seja vista por todos sem desconfiança. Halel (Salmos) São recitados alguns salmos, para terminar a noite com alegria. Nirtza (Ser aceito) A finalização do Seder é feita com uma série de músicas e cantorias, sumarizando a fé que nos faz viver até os dias de hoje. Depois disso, deseja-se a todos "LeShana HaBa'á B'Ierushalaim" - que no próximo ano estejamos em Jerusalém, reconstruída, representando nosso esperança na chegada da Redenção Final e na vinda do Mashiach.


terça-feira, 9 de março de 2010

Doña Gracia Nasi - 500 anos

Doña Gracia Nasi, a mulher judia mais impressionante de sua época, nasceu em Lisboa, Portugal, em 1510, e morreu em 1569. Possuidora de um vasto e complexo império comercial e financeiro na Europa, administrou-o, preservando-o e ampliando a sua fortuna, apesar dos esforços de reis e outros dirigentes para afastá-la de seu patrimônio.Doña Gracia salvou centenas de marranos da morte e das perseguições. Apesar de seus esforços para estabilizar a economia e a política da comunidade judaica, fracassou. Mesmo assim, foi uma mulher à frente de seu tempo. Tentou agir contra o anti-semitismo, impondo um boicote econômico. Tentou construir uma pátria judaica na Palestina, tendo Tiberíades como base.A señora, a dama, Ha-geveret – em hebraico – marcou de uma maneira indelével a cultura judaica. Sua lembrança foi perpetuada através das inúmeras sinagogas que têm o seu nome, entre elas, uma em Esmirna, El Kal de la Señora, sinagoga que foi muito freqüentada até 1970, sendo gradativamente abandonada até se tornar um galinheiro.Doña Gracia Nasi é considerada a heroína por excelência do judaísmo, em geral, e do judaísmo sefaradita, em particular. Nascida no seio de uma família de marranos batizada à força, era obrigada a usar o nome cristão de Beatriz de Luna, substituindo-o mais tarde por Gracia, Hannah, em hebraico. Seu irmão Agostinho Miguel era médico na corte e lecionava medicina na Universidade de Lisboa.Em 1528, ao 18 anos, Beatriz casou-se com Francisco Mendes, outro marrano que, junto com seu irmão Diogo Mendes, lidera um império de comércio de pedras preciosas e especiarias, além de bancos em vários países da Europa. O casal tem uma filha chamada Brianda que, mais tarde, tornou-se conhecida como Reyna. Em 1537 Francisco Mendes morre, deixando uma criança e uma viúva, que fica à frente de uma imensa fortuna: o império dos Mendes.A Inquisição foi estabelecida em Portugal em 1536 e Beatriz, percebendo o perigo que corria no país, aos 26 anos, deixou o seu lar acompanhada da filha, da irmã e de seu sobrinho João Miquez (futuro Joseph Nasi), então com 13 anos. Viajaram para a Antuérpia, passando pela Inglaterra e conseguindo fugir, salvando seus bens, para encontrar seu cunhado Diogo Mendes.Mantendo sempre a aparência de família cristã, Beatriz integra-se e frequenta a mais alta sociedade da Antuérpia. Trabalhando juntamente com o seu cunhado e sócio, expandiram seus negócios. Beatriz era considerada o melhor banqueiro dos reis da França, do Imperador Charles V. Paralelamente a seus negócios, Beatriz e Diogo montaram uma base de operações clandestinas, organizando rotas para ajudar as famílias marranas a fugirem de Portugal e da Inquisição, estabelecendo-se em outros países.Beatriz e sua família permaneceram em Antuérpia até a morte de Diogo Mendes, em 1543. Quando um nobre cristão pediu a mão de sua filha em casamento, viu-se então diante de um grave problema. Por adiar inúmeras vezes uma resposta positiva, surgiram suspeitas sobre a "lealdade cristã" da família. Beatriz, determinada a casar a sua filha Reyna somente com um judeu e pressentindo o perigo, tomou uma séria decisão.Em uma manhã, já no final de 1544, o palácio de Beatriz na cidade foi encontrado totalmente abandonado. Sem avisar ninguém, levando apenas suas jóias e pertences pessoais, partiu com a família para Veneza, deixando tudo aos cuidados de seu sobrinho João Miquez.

Foi durante este período de profundo estudo e meditação que, às vezes, o profeta Eliahu se revelava ao rabino Isaac Luria e lhe ensinava os mais profundos segredos da Torá. Durante um Shabat, o Ari contou à esposa sobre o aparecimento de Eliahu Hanavi, dizendo que deveria mudar-se imediatamente para Safed, em Israel, com o intuito de transmitir os ensinamentos da Cabala. A mudança deveria ser rápida, pois, segundo o profeta, ele teria apenas mais dois anos de vida. Seu antigo professor, o Radbaz, tinha-se mudado para esta cidade em 1553 e este fato deve ter também pesado na sua decisão. Era então o ano de 1570.Apesar de seus profundos conhecimentos, o Ari optou por permanecer anônimo em Safed durante algum tempo, trabalhando como comerciante.Logo após sua chegada, faleceu o rabino Moisés Cordovero, o Ramak (26 de junho de 1570), o líder da Academia de Cabala. Conta-se que ao ser questionado por seus discípulos sobre quem seria o novo líder da Academia de Cabala, Ramak disse-lhes que o seu sucessor seria revelado por um pilar de fogo que seguiria seu caixão. Aquele que o visse seria o novo líder. E assim foi. No dia do enterro, o Ari foi o único a ver o pilar de fogo e foi reconhecido como novo líder. Um grupo coeso de adeptos e discípulos formou-se rapidamente ao seu redor. Mas o homem que se tornaria o grande discípulo do Ari e que transcreveria suas palavras, o rabino Chaim Vital, uniu-se ao grupo apenas seis meses mais tarde. O rabino Vital, um grande cabalista, escreve que, na época, estava muito envolvido em seus comentários sobre o Zohar e acreditava que seus próprios conhecimentos eram superiores aos do próprio Ari. Mas após o primeiro encontro, o rabino Vital reconheceu a grandeza do rabino Luria, passando a ser seu mais fiel e famoso discípulo. O Ari informou-lhe que tinha vindo do Egito para lhe transmitir seus conhecimentos e que esta era a missão mais importante de sua vida. Os dois tornaram-se inseparáveis.É difícil imaginar a quantidade de informações que o Ari conseguiu transmitir em menos de 18 meses mas, neste breve período, o rabino Vital conseguiu dominar o método luriano de estudo da Cabala, produzindo, após a morte de seu mestre, uma obra de 12 volumes. Dois anos após sua mudança para Safed, o fim anunciado pelo profeta Eliahau Hanavi concretizou-se: o Ari morreu aos 38 anos, em 15 de julho de 1572, data correspondente no calendário judaico a 5 de Av de 5332. Os seus ensinamentos receberam o status de autoridade máxima e colocados no mesmo nível do que os do Zohar. Seus hábitos foram analisados e considerados um modelo a ser seguido.O Ari não escreveu praticamente nada, cabendo esta tarefa ao rabino Vital e ao seu filho, Shmuel Vital. Em suas obras, o rabino Chaim Vital descreve a personalidade do Ari, a quem considerava um ser celestial. Segundo ele, o rabino Isaac Luria não apenas tinha profundos conhecimentos da Mishná, do Talmud, da Hagadá e do Midrash, mas também descobriu o conhecimento secreto baseado nos mistérios do Masseh Bereshit, da criação do mundo.Ele entendia a linguagem dos pássaros, o sussurro das árvores e ouvia a conversa dos anjos. Para ele, o deserto, as águas, as árvores, as plantas, os animais e os pássaros também são parte do mistério divino. O Ari falava com os bons e com os maus espíritos. Podia avaliar um ser humano observando a sua face e a sua testa. Ele sabia quais os atos cometidos por cada indivíduo no passado e podia prever o futuro, além de dominar a grafologia. Ele acreditava na reencarnação das almas, tanto das pecadoras quanto das justas. Pois aqueles que pecaram em uma vida prévia, dizia, poderiam reencarnar para se arrepender de seus pecados. Consta que ele revelava a raiz da alma de cada discípulo, sua linhagem e suas reencarnações.Pouco antes de sua morte, o rabino Chaim Vital deixou instruções segundo as quais todos os textos sobre o Ari deveriam ser colocados em seu túmulo. Mas, segundo relato do rabino Chaim Joseph Azulai, em seu livro Shem Hagdolim, logo após a sua morte, Chaim Vital apareceu para seus amigos em sonhos e os autorizou a editar e publicar seus escritos. Seu mais importante trabalho foi Etz Ha-Haim - Árvore da Vida - contendo comentários sobre os ensinamentos do sistema cabalístico do Ari. Inclui também interpretações do Zohar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Pensamento para entender

“Chegará logo um momento, muito próximo, quando veremos milagres tão grandes, que as dez pragas e a abertura do Mar Vermelho parecerão comuns como a própria natureza. Tão grandes que nenhuma mente pode imaginar; tão poderosos, que transformarão a própria estrutura do mundo, o elevando num modo que as maravilhas do Êxodo do Egito nunca conseguiu.
Pois então, nossos olhos se abrirão e terão o poder de ver o maior de todos os milagres: Aqueles que acontecem conosco agora, debaixo de nossos narizes, todos os dias.”

JEJUM DE ESTHER (Taanit Esther em 13 de Adar)

JEJUM DE ESTHER (Taanit Esther em 13 de Adar)

25 de Fevereiro de 2010


O jejum se inicia com o nascer do sol e termina com o pôr-do-sol deste mesmo dia, que neste ano de 2010 será no dia 25 de fevereiro, quinta-feira.


Então disse Ester que respondessem a Mordechai: “Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Shushán, e jejuai por mim; não comais nem bebais três dias, nem de noite nem de dia; e eu e as minhas moças também jejuaremos. Depois irei ter com o rei, ainda que seja contra a lei, e se perecer, perecerei”. Então se foi Mordechai e tudo fez segundo Ester lhe havia ordenado. (Ester 4,15-17)
Em memória a este fato, o Jejum de Ester (Taanit Ester) é realizado no dia 13 de Adar, no dia que antecede Purim. O jejum começa antes de amanhecer e termina após o anoitecer.
Cabe lembrar que o jejum público solicitado por Ester não ocorreu no décimo-terceiro dia de Adar. Algumas autoridades religiosas oferecem outra explicação: quando os filhos de Israel uniram-se em 13 de Adar para defender-se de seus inimigos, encontravam-se em estado de guerra - e a preparação para uma guerra sempre inclui o jejum coletivo (Mishná Berurá 2).
Normalmente, quando um dia de jejum cai no sábado, ele é adiado para o domingo. No entanto, quando o dia 13 de Adar cai no Shabat, o jejum é antecipado para a quinta-feira. A razão, segundo Maimônides, é que historicamente "o jejum de Purim tem que preceder à celebração".
Costumes
Machatsit hashekel “o meio shekel” – É o costume doar três moedas de meia unidade monetária para Tzedaká, em lembrança do meio shekel dado pelos judeus na época do Templo. Esta mitzvá, normalmente realizada na sinagoga, deve ser cumprida em Taanit Ester antes de Minchá ou em Purim antes da leitura da Meguilá.


Noticias

Israel não deterá chefe do Mossad por morte de líder do Hamas
JERUSALÉM - O governo israelense rejeitou nesta sexta-feira, 19, os pedidos para que o chefe do serviço de espionagem do país, o Mossad, fosse preso por suposta responsabilidade na morte de um líder do Hamas. "A polícia de Dubai não forneceu provas para incriminá-lo", disse um alto funcionário de Israel, que pediu anonimato.

Veja também:
Polícia de Dubai pede ordem de prisão contra chefe do Mossad
Dubai acusa espiões de Israel de matar líder do Hamas
Detidos por morte de líder do Hamas trabalham para o Fatah, diz jornal israelense

O chefe da polícia de Dubai afirmou, na quinta-feira, querer que o chefe do Mossad, Meir Dagan, seja preso caso a agência comandada por ele seja responsável pelo assassinato, no mês passado, de Mahmoud al-Mabhouh, um alto comandante do movimento islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

"As ameaças contra Meir Dagan são absurdas", disse o funcionário israelense. "A polícia não explicou as circunstâncias da morte, nem deu qualquer prova de que ele tenha sido assassinado. Tudo que há são vídeos de pessoa falando ao telefone", afirmou.

Al-Mabhouh, um dos fundadores do braço militar do Hamas, foi encontrado morto em um quarto de hotel em Dubai no dia 20 de janeiro. A polícia afirma que ele seguiria para a China, e depois para o Sudão. A viagem seria para comprar armas.

Nenhum governo acusou diretamente Israel, mas o chefe de polícia de Dubai, general Dahi Khalfan Tamim, disse que quase certamente o líder do Hamas foi morto pelo Mossad. A agência de espionagem israelense já utilizou no passado passaportes falsos para realizar ações similares.

A Interpol emitiu na quinta-feira mandados de prisão para 11 suspeitos - seis com passaportes britânicos, três com irlandeses, um com documento francês e outro com o alemão, por suposto envolvimento no crime. O suposto uso de passaportes europeus falsos levou os governos de Grã-Bretanha, Irlanda, França e Alemanha a convocarem diplomatas israelenses para explicações na quinta-feira. O funcionário israelense minimizou o assunto. "Israel foi apenas convidado a ajudar a investigar o uso dos passaportes falsos."

O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, ressaltou na quinta-feira a necessidade de uma "investigação completa". Na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, deve enfrentar duros questionamentos, quando se encontrar com colegas europeus em Bruxelas, em uma visita anteriormente planejada.

Parte da mídia israelense demonstrou temor de que Israel possa ficar no olho de um furacão diplomático. O jornal Haaretz, porém, citou um funcionário prevendo que o assunto logo perderá força. A imprensa israelense notou também que, apesar da controvérsia, os governos ocidentais não estavam lamentando a morte do líder do Hamas. As informações são da Dow Jones.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Tu Bishvat

15 de Shevat de 5770 / 30 de Janeiro de 2010


Tu Bishvat, o 15 de Shevat no calendário judaico, é o dia que assinala o início de um "Ano Novo das Árvores." Essa é a estação na qual os primeiros brotos das árvores na Terra Santa emergem de seu sono invernal, e começam um novo ciclo de produção frutífera.Legalmente, o "Ano Novo das Árvores" está relacionado aos vários dízimos que devem ser separados da produção cultivada na Terra Santa. Estes dízimos diferem de ano para ano no ciclo Shemitá de sete anos; o ponto no qual o rebento de fruta é considerado como pertencendo ao próximo ano do ciclo é 15 de Shevat.Celebramos o dia de Tu Bishvat comendo frutas, especialmente "Os Sete Tipos" que são destacados na Torá em seu louvor à fartura da Terra Santa: trigo, cevada, uvas, figos, romãs, azeitonas e tâmaras. Neste dia, lembramos que o "Homem é uma árvore do campo" (Devarim 20:19), e refletimos sobre as lições que podemos extrair de nossa análoga botânica.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Dia Internacional do holocausto a 27 de Janeiro



O Dia Internacional em Memória às Vitimas do Holocausto é comemorado anualmente no dia 27 de Janeiro, com homenagens e eventos de divulgação. A data já é celebrada mundialmente desde 2005, quando foi instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas. No dia 27 de Janeiro de 1945 ocorreu a libertação dos presos do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polónia.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Produtos

A Comunidade Judaica de Belmonte tem para comercialização vários produtos;




Vinho "Terras de Belmonte" Kosher - 10.00€ (cada unidade)






Vinho "Sepharad" Kosher - 12.00€ (Cada unidade)








Pin com Estrela de David - 1.50€ (cada unidade)

Pin com Menorah - 1.50€ (cada unidade)

Pin Bandeiras Portuguesa/Israelita - 1.50€ (cada unidade)

Porta-Chaves estrela de David - 2.00€ (cada unidade)

Porta-Chaves Menorah - 2.00€ (cada unidade)

Fios com Estrela de david (não é ouro) - 3.50€ (cada unidade)

Postais Sinagoga de Belmonte (8 diferentes) - 0.50€ (cada unidade).

Caso queira encomendar algum produto, é acrescido despesas de envio, deve escrever para o email: cjudaicabelmonte@gmail.com.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Museu Judaico de Belmonte


O Museu Judaico de Belmonte foi inaugurado a 17 de Abril de 2005 pelo Ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva. É o primeiro museu deste género em Portugal, localizado no reduto da última comunidade cripto-judaica existente no nosso país.
É um espaço que retrata a história da Comunidade Judaica na região, que resistiu a séculos de perseguição religiosa por parte da Inquisição. O museu expõe mais de uma centena de peças religiosas, do dia-a-dia e de uso profissional utilizadas por famílias Hebraicas, especialmente da Beira Interior e Trás-os-Montes.

Aberto de Terça a Domingo
Das 9h:30 às 12h:30
e das 14h.00m até às 17h.30m
Encerra: Segundas-Feiras, 1 de Maio, 25 de Dezembro e 1 de Janeiro.
Localização: Rua da Portela - Belmonte
6250 BELMONTE
Distrito: Castelo Branco
Concelho: Belmonte
Freguesia: Belmonte

Contactos
Telefone: 275 088 698
Fax: 275 088 973
E-mail: mailto:museujudaico.belmonte@net.vodafone.pt

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Judeus de Belmonte - Um pouco de História



O documento mais antigo que conhecemos é uma lápide com uma inscrição em hebraico, datada de 1297 (segundo leitura de Samuel Schwarz), e que pertencia à Sinagoga. Portanto, antes da expulsão dos judeus de Espanha, em 1492, vivia em Belmonte uma comunidade organizada. É plausível que o número de elementos tenha aumentado com a decisão dos Reis Católicos. Em Dezembro de 1496, D. Manuel I publica o Édito de Expulsão dos Judeus; em 1497, o monarca obriga ao baptismo forçado, à conversão os que permaneceram, voluntária ou involuntariamente, em Portugal. Serão os cristãos-novos, os marranos.
A instalação do tribunal da Inquisição, em Portugal, obrigou todos os judeus ao baptismo; também o casamento, os rituais funerários, os cultos no exterior dos lares seguiam a doutrina católica. A herança cultural judaica era transmitida oralmente, de geração em geração; mas aprendiam, como forma de sobrevivência, os rudimentos do catolicismo. A ``contaminação'' de fés era inevitável e com o decorrer dos tempos, a maioria dos que permaneceram no país adopta práticas sincréticas. Todavia, os anussim (convertidos à força) diziam-se e sentiam-se voluntariamente judeus.... e a vontade individual é uma dimensão que participa na construção da identidade. Não responderam de forma homogénea ao contexto inquisitorial: a) uns aderiram convictamente à nova fé; b) outros exilaram-se para continuar a praticar a lei de Moisés; c) houve quem se tornasse céptico, desiludido; d) muitos continuaram a judaizar clandestinamente, com graus de adesão e de conhecimento diversos, mostrando-se católicos no exterior. São os marranos que perpetuaram tradições sagradas, mitos e memórias comuns, produziram e reproduziram laços identitários.
Belmonte, tem-se repetido que os judeus que residem na vila ali se fixaram, vindos de Marrocos, após a decisão pombalina. A afirmação mais recente que envolve este domínio, encontrámo-la no livro ``Beira Baixa'': ``Nos finais do século XVIII estabeleceu-se em Belmonte uma grande colónia de judeus. Ocuparam um bairro designado por Marrocos que se transformou em judiaria fechada''. Trata-se duma legenda obviamente sucinta que sugere mais do que garante. Mas será possível falar duma ``judiaria fechada'' no século XVIII? A ``grande colónia de judeus'' estabeleceu-se em Belmonte porquê? Vinda de onde? Se eram judeus exilados que regressavam, quando e por que perderam sobrenomes hebraicos?
Na verdade, sabemos que encontrámos dezenas de processos no A.N.T.T. e que nos séculos XVI, XVII e XVIII, naturais e residentes do concelho de Belmonte conheceram os cárceres da Inquisição. O último processo que recolhemos é de ``Gracia Nunes, Gracia de Matos, cristã-nova, casada com Diogo Mendes Loução, lavrador, natural de Maçal do Chão, termo da vila de Celorico, e moradora na de Belmonte, Bispado da Guarda''; é condenada a ``cárcere e hábito a arbítrio''. O processo tem a data de 1750.
A designação do Bairro, Marrocos, (cuja toponímia teria origem na ocupação de judeus regressados do país com o mesmo nome) é anterior às leis pombalinas. Nos Livros de Décima, Contribuição Predial Rústica, Contribuição Predial Urbana, de Agências, nos registos de nascimentos, casamentos e óbitos, bem como nos Livros de Actas da Câmara Municipal, figuram nomes de ascendentes de membros que integram a comunidade actual. Eram judeus secretos, transmitiram uma tradição que se habituaram a ocultar, alternando períodos de maior clandestinidade, com outros de maior abertura.
É Samuel Schwarz que, em 1925, com a publicação do livro ``Os cristãos novos em Portugal no séc. XX'', inicia a desocultação da existência dos judeus belmontenses, para o mundo. Vindo para o concelho, em 1917, para dirigir a exploração do couto mineiro da Gaia, um dos mais ricos jazigos de cassiterite da Europa, ouve qualificar Belmonte como ``terra de judeus''. Afirma que ``Só depois de muitos meses de continuados esforços e ainda graças a um concurso de curiosissimas circunstâncias, conseguimos ser admitidos no seu grémio e assistir e tomar parte nas suas orações e cerimónias judaicas''. O encontro ocasional, em Lisboa, com o belmontense Baltazar Pereira de Sousa, homem de negócios, que ouvira apelidar de judeu e que levou à Sinagoga de Lisboa, foi a chave que abriu todas as portas. Regressado à vila, submete-se ainda a um teste: pedem-lhe que reze uma oração. Fê-lo em hebraico, mas entre os vocábulos que pronuncia, identificam Adonai. Estava aceite: ``É um dos nossos.''.
O tempo era favorável. A implantação da I República permitia confiança. Nos Livros de Actas da Câmara Municipal é notória a influência de membros da comunidade durante este período. José Henriques Pereira de Sousa e José Caetano Vaz, por alvará do Governador Civil de Castelo Branco de 13 de Outubro de 1910, integram a Comissão Municipal Electiva, o primeiro como Presidente e o último como vereador do pelouro de Caria, a segunda povoação mais populosa do concelho. O trabalho que desenvolvem, surpreende se o confrontarmos com o de Executivos camarários anteriores e posteriores. A criação de escolas, as medidas sanitárias, as obras de remodelação e restauro de imóveis, a elaboração de planos para a construção de estradas... contrastam com a habitual gestão rotineira que Actas das sessões camarárias doutros períodos registam.
O anticlericalismo, um dos traços da época, beneficiaria um grupo de pessoas que mantinha com a Igreja Católica uma relação de distanciamento. É neste clima que Samuel Schwarz trava conhecimento com a comunidade. No Porto crescia o movimento liderado por Barros Basto. Era o renascer do Judaísmo nas Beiras e Trás-os-Montes. O jornal Ha-Lapid vai noticiando a renovação de um saber e de um fazer cultivado durante gerações. O conhecimento da perseverança dos marranos portugueses através de A Obra do Resgate de Barros Basto, do livro de Samuel Schwarz, despertou o interesse do mundo judaico. Em Janeiro de 1926, Lucien Wolf vem a Portugal a pedido da Anglo Jewish Association, da Alliance Israélite Universelle e da Spanish Portuguese Jew's Congregation. Visitou Lisboa, Guarda, Belmonte, Caria, Covilhã, Coimbra e Porto. ``Constatou directamente que tais marranos não eram um mito, pois não só travou relações com eles mas também assistiu as suas reuniões culturais''.
O relatório que elaborou esteve na origem da criação de ``... um comité para ajudar os marranos portugueses''.
A 7 de Setembro de 1926, Paul Goodman, secretário do Portuguese Marranos Committee,informa Barros Basto sobre a constituição do referido comité. Entretanto, o jornal Ha-Lapid divulga a história, cultura e preceitos judaicos, noticia os acontecimentos relevantes da vida das comunidades (vida comunal) e de A Obra do Resgate. É perceptível o interesse em motivar os descendentes de judeus para assumirem a identidade religiosa e exorcizar o medo. Escreve: ``Nós que temos opiniões religiosas bem definidas inspiramos simpatia aos nossos adversários, entre os quais, apesar da diferença de credos, temos sinceras amizades''. Afirma mais Ben Rosh: ``Um adversário nobre e leal tem direito sempre ao respeito do seu antagonista (...). Todo aquele que, para não ser perturbado na sua digestão, se entrega a uma doblez de carácter, só merece dos combatentes das várias crenças o desprezo (...)''. Diga-se que este comportamento proselitista, de alguma forma, valer-lhe-ia desconfiança e incompreensão...
Mas a Obra do Resgate continuava. E sabemos assim que ``Em Janeiro (1927), seguiram para Belmonte, fazer uma visita aos anussim daquela vila, alguns jovens excursionistas da Associação de Juventude Israelita ``Hehaber'', que tiveram o prazer de ser recebidos em diversas casas criptojudias de Belmonte. Demoraram-se dois dias, e ficaram encantados com as amabilidades daquelas famílias, especialmente com as Sr.as e Srs. Pereira de Sousa (...). O Ex.mo Senhor Engenheiro Samuel Schwarz que se encontrava, na ocasião nesta visita em Belmonte, acompanhou os jovens do ``Hehaber'' (...). O Yom Kippur é celebrado, em 1928, na mesma localidade. Está presente, de novo, Samuel Schwarz que distribui exemplares do livro Kether Malkhuth, editado pela Comunidade do Porto.
Porém, a Covilhã que merece maior atenção. No dia 4 de Maio de 1929, numa reunião de várias famílias ``... em casa da Ex-ma Sr.ª D. Amélia Fernandes, bondosa e caritativa senhora cripto-judia, fiel observante dos ritos judaicos que lhe ensinaram seus pais foi decidida a fundação duma ``Comunidade legal judaica, de acordo com as leis da República Portuguesa''. Deliberam ainda que os estatutos seriam iguais aos da Comunidade do Porto. Dia 6 de Maio, em casa de José Henriques Pereira de Sousa, em Belmonte, decidem que o núcleo cripto-judeu da vila ficaria ``adstrito à Comunidade da Covilhã''. Em Caria, o líder do Movimento do Resgate é Francisco Mendes Morão.
Samuel Schwarz é, então, considerado como ``... o mensageiro do Resgate do distrito de Castelo Branco''; Ben Rosh di-lo-o ``... um amigo da nossa causa'' que, com Lucien Wolf e Paul Goodman ``... em todos os lares criptojudaicos devem ser memoriados e abençoados''.
Com a queda da primeira República, em 1926,o medo cresce , ``... está arreigado no espírito de muita gente'' Ainda assim, as reuniões de criptojudeus continuam. A 29 de Julho de 1929 é legalizada no Governo Civil de Castelo Branco, a Comunidade Israelita da Covilhã. Elegem corpos gerentes; Francisco Henriques Gabinete será o Presidente da Junta Directora; Samuel Schwarz manter-se-à Presidente da Assembleia Geral. A Sinagoga da Comunidade, Shaaré Kaballah (Porta da Tradição) é inaugurada em Setembro de 1929. O jornal refere a presença da M.me Oulman e de M.me Gradis que, na ocasião, oferecem 300 escudos ``para serem distribuídos por pobres criptojudeus''.
Na Yeshivá Rosh Pinah, do Porto, inscrevem-se jovens que deveriam ser os futuros guias espirituais das comunidades. Frequentada, entre outros, por 5 belmontenses, 4 fundanenses, 4 covilhanenses, aprendiam práticas e rituais da Lei de Moisés. Apesar de todo o dinamismo, o movimento de Barros Basto não vingou. Os processos militar e da P.I.D.E. arrastam à queda do projecto da Obra do Resgate. O nazismo, o estabelecimento do Estado Novo, as lutas de liderança entre judeus portugueses e os que no país se refugiavam, geram afastamentos, conflitos, a queda. Era o tempo das verdades indiscutíveis - Deus, Pátria, Família, Autoridade -; foi o tempo duma nova clausura religiosa por parte dos marranos.
Barros Basto e Samuel Schwarz verificaram que foram mulheres que memorizaram e transmitiram rituais e textos ou os escreviam. O medo reinstalara-se e das comunidades que, então, se organizaram na Beira e tiveram local de culto, em vários locais da região mantinha-se o acender das candeias com torcidas de linho; a Páscoa marcada pela Haggadah judaica (a limpeza meticulosa das casas, por exemplo); muitas orações; hábitos alimentares (o sangrar os animais, certos enchidos (alheiras) e, quem sabe?, doces conventuais que, não tendo leite na confecção, podem acompanhar pratos de peixe e carne); influências culturais (a ideia de Portugal como nação escolhida, o messianismo...).
A ausência de chefes religiosos, o distanciamento relativamente aos textos sagrados, redundou maioritariamente na assimilação dos judeus. Nos anos 90, nas comunidades beirãs da Covilhã, do Fundão, de Penamacor, de Pinhel sobrevive a memória duma ascendência judaica. Em alguns casos, independentemente da adesão à religião mosaica (podem ser mesmo católicos praticantes), repetem a afirmação identitária judaica, ou seja, assumem um judaísmo que se situa numa penumbra epistemológica.
Só Belmonte preservou um núcleo duro, construiu uma matriz cultural que abriu o caminho para o ``retorno'' ao Judaísmo ortodoxo. Apesar do medo. Por exemplo, durante a Segunda Guerra Mundial, belmontenses retiveram a existência duma ``lista'' elaborada por pessoas que eram manifestamente anti-semitas. Dizem, referindo-se ao suposto lider: ``... era um germanófilo. Ameaçava a comunidade com a divulgação e a denúncia na Alemanha, de pessoas da vila seguidoras da nossa Lei''.
Era um homem de poder e estas ameaças, a deslocação à Alemanha, garantiam obediência, conformismo e desencadearam muitos receios. Explicam: ``Às vezes fugiam e dormiam nas ``palheiras'' com o medo de serem apanhados''.
Durante o Estado Novo, também foram as mulheres as iniciadoras, as mestras do Judaísmo. É o tempo do prestígio das H'azzanot, das rezadeiras. A tradição que seguiam, fundamentada na memória, traíra conhecimentos e práticas. Mas a opção endogâmica favorecia a continuidade cúltica, o segredo face ao Outro. O anti-judaísmo e o anti-semitismo desenharam solidariedades entre os judeus, alimentavam a cadeia de transmissão de fazeres e saberes.
Com Samuel Schwarz soubemos que, desde a Inquisição, as candeias de Sabat nunca se apagaram, que o jejum de 24 horas de Yom Kippur se cumpria rigorosamente, que o Purim da Santa Rainha Ester não fora esquecido, que a Pessah era vivida com ``pão asmo'' ou ``dismos'', com ``ervas amargosas'', com a purificação das casas, reafirmando a esperança: ``Para o ano que vem, em Jerusalém''. Soubemos que os casamentos se realizavam primeiro, segundo a Lei de Moisés; percebemos a génese das histórias dos abafadores, quando conhecemos os rituais funerários que as mulheres realizavam antes de chamarem sacerdotes católicos e médicos, reiterando uma afirmação identitária judaica.
Na década de 80, quando foi possível o convívio com a comunidade, estes preceitos mantinham-se. Transmitidos oralmente, no feminino, contavam também alguns lares judaicos com o livro de Samuel Schwarz que guardavam ciosamente. Era o recurso certo, quando a memória traía. Judeus belmontenses, desde 1925, tinham à mão o manual do perfeito criptojudeu.
Assim preservaram rituais e textos de orações, tecendo uma coesão securizante que a partilha religiosa sustentava. Perpetuavam discursos de fé e invocavam a identidade de povo escolhido: ``... Adonai, nosso Rei e Rei de todo o mundo que escolheste em nós mais que todos, e nos deste a Tua Santa Lei (...)''. Louvavam ``... o Deus de Abraão, a constrição de David, a ciência de Salomão, a vitória de Gedeão, e o aviso que teve Lot, a felicidade de Jacob, o espírito de Elias, a caridade de Tobias e a paciência de Job''. Suplicavam: ``... que não sejamos presos, nem feridos, nem mortos, nem nas mãos dos nossos inimigos postos''. Manifestavam o desejo de ``... gozar a felicidade de Jerusalém...'', de aceder à Terra da Promissão.
F. Brenner: ``Concrétement (...) dans leur quotidien, on ne peut décéler aucun signe apparent de judaïsme...''. Não eram circuncidados, não possuíam livros sagrados, não falavam hebraico, não havia Sinagoga, nem rabinos. Mundo indecifrável para judeus que se habituaram a atribuir a pertença judaica a partir de critérios de que a prática marrânica se desvia.
Todavia, sempre guardaram tempos históricos com marca de sagrado. Guardar o Sábado é repetir o gesto divino; jejuar em Yom Kippur é lembrar as transgressões aos mandamentos judaicos, penitenciar-se; o Purimde Ester não fora esquecido porque a fraternidade de destinos, valorizou uma rainha que escondeu a identidade, mas foi salvadora do povo judeu; a Pessah é um elixir da esperança.
Em suma
A prática da endogamia, a fidelidade a uma filosofia, à Lei de Moisés, o anti-judaísmo e o anti-semitismo, a presença de Samuel Schwarz na vila, o querer ser judeu, a crença na pertença ao povo escolhido, na errância redentora e a espera messiânica garantiram a manutenção duma mundivivência, de um património cultural específico.
Os judeus de Belmonte são herdeiros do marranismo: homens desenraizados fruíram a sua religião, com carta de alforria; confrontados hoje com práticas rabínicas ortodoxas alguns aceitam-nas; para outros o peso da re-educação, da conversão foi insustentável.
Mantiveram a sua autarcia judaica, renunciando à religião oficial; são os neo-marranos a construir a riqueza polimorfa do Judaísmo.